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Publicado no Encontro de Saberes 2017

Evento: XXV Seminário de Iniciação Científica

Área: CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES

Subárea: Filosofia

Título
Fundamentando o “erro da confusão de causa e consequência” de Nietzsche
Autores
Samuel Estevão Vieira da Silva (Autor)
Resumo
Como objetivo geral deste trabalho, pretendemos descobrir e analisar a fundamentação teórica de Nietzsche para sua concepção dos “quatro grandes erros”, formulados e apresentados por ele no capítulo VI de seu Crepúsculo dos Ídolos. A partir de um primeiro estudo do capítulo em questão, ligado a um estudo ainda em andamento de sua Genealogia da Moral, consideramos que, para Nietzsche, a religião e a moral, erguidas no terreno dos “quatro grandes erros” e enquanto modeladas pelo ressentimento, materializam-se por meio de um “olhar” que se dirige necessariamente para fora: o ato criador do ressentimento consiste em seu “não” a um “outro”, a um “fora” (o “mau”), ao invés de primordialmente dirigir seu olhar a si mesmo – o que significa que sua ação no mundo é, na verdade, reação, devendo ser concebida somente através de sua relação com esse “fora”. Como conclusão parcial deste estudo, podemos determinar especificamente o “erro da confusão de causa e consequência” (um dos “quatro grandes erros”) enquanto produto direto dessa posição de reação que caracteriza o ressentimento: utilizando um exemplo de Nietzsche, para a religião ou a moral os “sentimentos agradáveis” são consequência da confiança em Deus, ao passo que, segundo a concepção nietzschiana, ao contrário, a confiança em Deus é que é consequência desses sentimentos. Entendemos, assim, que o princípio básico de Nietzsche para tal afirmação é, no exemplo dado, o de que o olhar do ressentimento é incapaz de conceber a origem de seus próprios sentimentos em si mesmo, em sua própria posição, necessitando para tanto de uma causa fora de si, exterior, de maneira a inverter causa e consequência no ato mesmo de explicar seus “sentimentos agradáveis”. Em outras palavras, a posição do ressentimento nunca poderia colocar-se enquanto causa de algo ou de si mesma (ação), mas apenas como consequência de algo externo (reação), de modo que é por esse princípio que a causa de seus sentimentos é exteriorizada na figura de Deus.
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