Detalhes dos Anais Veja o resumo do trabalho

Publicado no Encontro de Saberes 2017

Evento: XXV Seminário de Iniciação Científica

Área: CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES

Subárea: Filosofia

Órgão de Fomento: Fundação Gorceix

Título
A proposta de uma filosofia brasileira, de Oswald de Andrade, a partir do conceito de antropofagia.
Autores
MAURO HENRIQUE SOARES ANICETO (Autor)
IMACULADA MARIA GUIMARAES KANGUSSU (Orientador)
Resumo
Pensar a “antropofagia” proposta por Oswald vai além tanto do ritual sacro, do qual foi apoderado o termo, quanto do significado prosaico, de seu conceito canibalesco. Oswald de Andrade usa o termo “antropofagia” como metáfora teórica para se referir à identidade cultural brasileira e sua relação com as culturas estrangeiras. Em vez de se opor ao que vem de fora, o que o movimento antropofágico devora simbolicamente as influências estrangeiras, assimila e transforma-as, produzindo uma cultura singular. Esse conceito de antropofagia, que ele tenta trazer para o campo da discussão acadêmica, carrega em si o desejo de independência, de libertar-se das formas prontas. É um conceito fundamental para esclarecer as relações entre o colonizado e o colonizador. E, dentro da visão oswaldiana, só a Antropofagia pode nos unir, pois essa é a essência da lei natural do homem: a vida é pura devoração. Serão destacados os dois fenômenos culturais que auxiliam Oswald de Andrade a justificar sua proposta de apresentar uma filosofia brasileira: o primeiro diz respeito ao caráter utópico atribuído às novas terras pelos europeus, diante do contraste entre os modos de vida dos povos “primitivos” e dos “civilizados”, o segundo é o impacto causado na história da arte ocidental pela descoberta, e apresentação na Europa, da arte “primitiva” africana. Oswald de Andrade apropria-se, antropofagicamente, desses dois momentos e interpreta o modo de pensar brasileiro através da dialética entre o paraíso, o modo de vida primitivo consoante com a natureza, e o desejo das conquistas alcançadas pela civilização, pelos avanços da técnica. E o que propõe como “filosofia brasileira” é a reinterpretação dos paradigmas europeus em vez da submissão e total identificação com estes. Os modelos podem ser apropriados, deglutidos e reformatados, em um movimento criador de um novo paradigma. A Antropofagia não seria só uma liberdade intelectual, mas sim a própria aceitação da natureza primitiva "tecnizada ".
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