Detalhes dos Anais Veja o resumo do trabalho

Publicado no Encontro de Saberes 2016

Evento: XXIV Seminário de Iniciação Científica

Área: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

Subárea: Comunicação

Órgão de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Título
Verdades escolhidas: jornalismo e novas narrativas sobre a ditadura no Brasil
Autores
CAIO MACEDO RODRIGUES ANICETO (Autor)
MARTA REGINA MAIA (DECSO) (Orientador)
Resumo
O presente trabalho foi estruturado de forma a compreender o cruzamento de narrativas, as estratégias discursivas e o papel do jornalismo no circuito interpretativo do embate entre as memórias oficial, coletiva e submersa que ocupou as páginas do jornal Estado de Minas entre agosto de 2015 e julho de 2016. Teve como objetivo evidenciar a ressignificação de acontecimentos do passado nas narrações do presente e também compreender de que forma a memória emerge nessas narrativas e qual sua significância política e social para os debates da arena pública, mediante aos recursos de reordenação de narrativas e construções discursivas utilizados pelo jornal. Dentre as matérias jornalísticas coletadas, destacaram-se as narrativas oriundas da fala do deputado Jair Bolsonaro durante a votação que daria sequência ao processo de impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, cujo teor apologético às ações do governo militar e do torturador Brilhante Ustra reverberou significantemente, desencadeando uma retomada dos acontecimentos do passado sob o escopo do presente. Tomamos como metodologia principal os estudos sobre acontecimento, das narrativas jornalísticas e principalmente dos novos campos metodológicos em desenvolvimento para a análise da relação entre memória e jornalismo. Os resultados demonstram que o Estado de Minas, como veículo diário de grande alcance, não nega seu papel como tecedor ativo de significâncias, e que ele, de fato, permite a emergência de acontecimentos e memórias silenciadas. Percebemos também que o passado se apresenta de diversas formas nas narrativas estudadas, e que ele é (re)feito à medida em que o presente se desenrola na arena pública. Notou-se, por fim, que os acontecimentos circundando a ditadura civil-militar nunca serão de fato absolutamente resolvidos ou terminantemente encerrados, já que o conflito é a categoria estruturante da narrativa política e o jornal insere-se como meio de embate entre agentes de memória.
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